quinta-feira, 23 de outubro de 2008


A INFLUÊNCIA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO.


Observação e uma postura crítica, depois de dada a atenção necessária ao que se lê ou ao que se vê ou se ouve, é não só útil, mas uma exigência para decifrar as mensagens que os meios de comunicação nos passam.
Sabe-se que interesses obscuros, ou quem sabe apenas interesses comerciais, são produtos de um sistema marcado pelo poder econômico e o gritante interesse em manter o domínio da informação ou quem sabe da mídia.
Em um mundo geograficamente distante das decisões, pode-se acompanhar simultaneamente o que acontece em qualquer ponto do país, bem como do mundo.
Este conforto, esta agilidade tem um componente muito importante, que é a modernização e a constante busca por soluções mais rápidas e eficientes. Por estas e outras razões não menos importantes, e quiçá não tanto propagadas a globalização da cultura, primeiramente disfarçada de americanização ocupou um espaço tão significativo na vida de cada um, e assim criando um comodismo indisfarçável.
Com um terreno tão fértil a disposição, já com fantásticas experiências vivenciadas em regimes totalitários de governo, principalmente nos regimes comunistas, onde alem da fabulosa propaganda muita bem elaborada, existindo a proibição de comentários daquilo que o governo apregoava, portanto dito e feito, ou tudo que se fala é lei.
Diante desta situação, ou é um regime de governo totalitário ou é o totalitarismo dos meios de comunicação de massa, que nos colocam em uma situação de intolerabilidade, pois passamos a ser escravos de programas absurdos de televisão, que degradam a moral, afrontam a decência, com a erotização precoce das crianças, programas ou propagandas inconcebíveis do ponto de vista racional, mas o custo deste material quando pago não avalia qualidade, cabe ressaltar que a propaganda brasileira é de boa qualidade.
Os programas de qualidade, de cunho educacional ou de influência familiar não tem espaço no horário nobre de televisão, que hoje representa a absoluta maioria de audiência dos meios de comunicação, ficando o rádio como meio de comunicação de segunda importância e o jornal e as revista como instrumentos de alcance limitado, devido ao custo não ser acessível as camadas sociais inferiores desta forma ficamos escravos cada vez mais dos meios de comunicação de massa, e com isso somos os verdadeiros porta-vozes dos interesses dos donos do poder e a população cada vez passa a ser a massa de manobra ou no mínimo se torna omissa, alienada, de toda forma dominada na forma de pensar, agir e perceber o mundo, não conseguindo questionar a ordem social vigente.
Conforme Muniz Sodré: ¨Nos meios de comunicação de massa, dispositivos centrais de produção das aparências da modernidade contemporânea, os cidadãos ¨discrimináveis¨ são geralmente apresentados em filmes, programas de entretenimento ou de informação como vilões ou cidadãos de segunda classe (em papéis que representam atividades socialmente inferiorizadas) ou são pura e simplesmente excluídos¨.
Analisando por esta ótica percebe-se com clareza que o objetivo é alcançado, sem que qualquer esforço fosse preciso fazer para se constatar a veracidade desta observação, pois é clássico classificar como marginais, ladrões e miseráveis qualquer cidadão que resida em áreas consideradas populares, desconhecendo sua capacidade e acima de tudo sua ansiedade por construir um mundo melhor e mais digno para ele viver.
Por motivos semelhantes a esta analogia o sistema elimina da sociedade pensante os menos afortunados e através dos meios de comunicação discrimina e isola esta camada social, mas o mais claro resultado que atinge é o de desviar a atenção dos principais problemas nacionais ou quem sabe de problemas ou situações de importância relativamente maior e ainda de problemas estruturais que geram esta própria criminalidade, como a distribuição de riquezas e a criminalidade.
Mas os programas que mais tem audiência, que são disputados a peso de ouro apresentam situações ridículas e inaceitáveis, fazendo seres humanos passar por vexames inconcebíveis e cenas impróprias para o horário, diga-se de passagem muito comum em certos programas, que afirmam ser a guerra da audiência, mas que muitos outros interesses são negociados e colocados no mesmo pacote.
O conteúdo apresentado pela mídia carece de uma ampla análise, boa dose de senso crítico e acima de tudo considerar cada informação, somente após o uso de um filtro , pois cada vez mais as informações, ou os objetivos dos profissionais da imprensa e principalmente os interesses dos proprietários dos veículos de comunicações buscam atender os obscuros interesses, deixando a função social de lado, por sinal, cada vez menos observada, e mantendo desta forma um poder incalculável, e os organismos de regulação, acabam sendo sucumbidos pelos interesses políticos do governo, pois geralmente as funções são preenchidas por indicação política.
Devemos considerar não somente o que vemos, mas o que geralmente impedem que enxergamos, ou seja temos que existe outra qualidade de violência, não tão explicita quanto a das imagens televisionadas, que busca formatar a moral dos tempos atuais e fazendo o trabalho de marketing das organizações capitalistas.
A manipulação dos fatos das notícias, das informações, é uma prática de convencimento que vem formando seguidores e simpatizantes e ganhando espaço, é politicamente incorreto, mas é uma prática comum e de fácil observação.
Segundo Bucci ¨o jornalismo brasileiro não é apenas observador, ele é, antes de tudo produtor de um show, empresário de um espetáculo.¨ Concluindo com isso que se os meios de comunicação de massa produzem real e verdades, a tão decantada ¨objetividade e neutralidade dos meios de comunicação de massa¨ não existe.
De acordo com Coimbra a notícia participa no capitalismo do processo de mercantilização. Daí, a afirmação de que as notícias são ¨produtos que estão à venda¨. Podendo-se entender que desta forma tudo pode ser comerciado, logo se deduz que tudo pode acontecer, ou melhor em que se pode confiar, na imprensa oficial do governo não dá, pois esconde o que não interessa aos governantes, fato constatado no episódio Deputado Roberto Jefferson ou ¨mensalão¨, outros exemplos são percebidos no confronto entre emissoras concorrentes, ou em uma guerra entre produtos concorrentes em uma fascinante odisséia permissível de uso de todos os mecanismos imagináveis ( o que passará na cabeça destes intelectuais capitaneados pelos donos do mundo, na conclusão de um trabalho, ¨dever cumprido¨ ou quem sabe ¨ enganamos quantos¨, cabe uma análise dos absurdos que estes devem pensar ao concluir suas atividades, pois lá no seu íntimo deve pesar a responsabilidade, principalmente para aqueles que encomendam este tipo de serviço).
Cabe após inúmeras leituras sobre o poder de manipulação dos meios de comunicação de massa observar que deve existir algum veiculo de comunicação (rádio, televisão, jornal, revista ou outros) que tenham compromisso com a verdade, sabemos e não podemos ser utópicos que para haver possibilidade de efetivamente funcionar qualquer que seja empresa, tem que haver investimento, o mundo hoje praticamente totalmente capitalista, dependente da economia de mercado exige uma postura comercial, mas por uma questão de consciência, o departamento jornalístico deveria ter independência e não considerar os interesses financeiros da empresa, tornando desta forma a informação e os meios de comunicação uma ferramenta digna de confiança.
Conforme pesquisa realizada por Costa (1997) ao pesquisar a violência na TV e a produção da subjetividade em crianças de classe média da cidade do Rio de Janeiro, constata que a forma de violência televisiva, que se destaca nos depoimentos das crianças, tem direção clara ao insistente e exacerbado convite ao consumo. O dado mais significativo e que ilustra evidentemente esta violência não reside na violência física ou moral, mas desejo incontrolável pelo consumo, onde destaca o desejo imperativo de comprar, sendo confrontado com a frustração de não poder consumir tanto quanto gostariam. A frustração só é aliviada , pelo fato de fazerem parte de um grupo social de mesmo nível, mas que evidencie que é superior a outra classe.
Algumas observações feitas por Costa ( 1997) cabem muito bem para ilustrar o poder dos meios de comunicação frente a população muitas vezes desprovidas de senso crítico por diversos motivos. ¨ Imbricada no apelo ao consumo e na especularização da informação produzida pela televisão, a classificação estigmatizada de pessoas, a partir de modelos padronizados pelo mercado capitalista, também relaciona-se a este tipo de violência¨.
Acerca destas observações também a seguir a transcrição de algumas falas de crianças, que servem de exemplos para a confirmação da violência sutil que é realizada pela TV em seus telespectadores.
¨ G – Eu adoro televisão. Não precisa pensar(....). Na televisão já tem tudo feito. É só ver. Ficar prestando atenção, assim.¨
¨ H – (Os ricos) Só usam coisa de marca, tudo é importado! Esses negócios assim¨.
¨ R – (Os ricos) Eles mostram as coisas e dizem: Qué? Vai comprá¨.
Após estes depoimentos , percebe-se a influência dos meios de comunicação de massa na formação, alienação e controle dos sujeitos sociais, e esta alienação e controle deixa claro a facilidade que uma televisão tem em cooptar o pensamento de um ser humano, onde chega a conclusão que não precisa pensar, não precisa raciocinar, que a compra tem que ser aquela oferecida ou divulgada por uma celebridade, e o pior é o estímulo ao exercício da arrogância, onde identifica quem tem o poder, clareando o poder da violência sutil oferecida principalmente pela TV.
Não é por que dizem que o cidadão tem o poder de escolher o que quer ver, ouvir ou ler, de fato isto acontece, muitas boas revistas, ou livros, ou bons programas de televisão, ou até via internet ainda continuam sendo objetos de sonho de consumo da maioria da população, portanto deveria haver urgentemente uma regulamentação na qualidade e nos horários dos programas, exigir um percentual de programas de cunho educativo e cultural, entre outras medidas que melhorariam a qualidade e quem sabe despertaria o senso crítico da comunidade.
Para concluir o que pretendemos expor neste trabalho, poderíamos definir com a frase de Vital Brasil, C : ¨ Sem o espaço da diferença, a comunicação é doutrinação e produz aquiescência e obediência¨.

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